sexta-feira, 24 de junho de 2011

Ecos disformes

Para ler e refletir...

Por Maria Isabel Nogueira Tuppy

Ouviram do Tietê às margens pútridas
De um povo triste o grito suplicante
E som do desalento, em dobras múltiplas,
Velou o céu da Pátria nesse instante.

Se o senhor diz: Viva a igualdade!
Estará ao seu dispor o braço forte.
Se conquistamos a liberdade,
Entregamos o destino à própria sorte.

Ó vida amada
(Ameaçada)
Salve! Salve!

Brasil, de um sonho imenso a um corpo rígido
De dor, mas de esperança alguém se veste
Pra ter no seu sorriso fugaz brilho,
Negado a cada passo enquanto cresce.

E curva-se a gigante natureza,
Clama por alívio, ávido esforço
Pro teu futuro ter qualquer grandeza,

Terra adorada?
Entre outras mil
Serás, Brasil,
Ó Pátria, amada?
Se os filhos teus ao solo tornam vil?
Pátria amada,
Brasil?

Deixado eternamente em sonho esplêndido,
Ao breu do céu e ao som do mar imundo,
Figuras, ó Brasil, quintal da América,
Agonizante em nosso "Novo Mundo"!

Em tua terra desfalecida
O antigo lindo campo não floresce,
Nossos bosques perdem vida,
Nossa vida no teu seio esmorece.

Ó vida amada
(Ameaçada)
Salve! Salve!

Brasil, de horror eterno seja símbolo
A terra que se mostra degradada,
E diga um velho louco numa fábula:
"Justeza no porvir!" Sempre adiada.

E se ganha a injustiça a vara forte,
Verás que o filho teu não está imune
E teme e se entrega a própria morte

Terra aviltada!
Entre outras mil
Serás, Brasil,
Ó Pátria, amada?
Dos filhos d' outro solo és mãe servil?
Pátria dada,
Brasil?!

Fonte: Leituras de Brasil - [realização Pró-Reitoria de Extensão Universitária - PROEX]. São Paulo: Editora UNESP, 2001

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