Todas as pessoas necessitam de uma quantidade mínima de estímulos para ter uma saúde mental razoável. Nós chamamos essa quantidade de índice de sobrevivência, pois, abaixo dessa quantidade de Carícias, a pessoa começa a apresentar um quadro de privação de estímulos, que pode levá-la à loucura.
Isso explica por que um aluno que não encontra Carícias positivas em sua casa vai procurar ganhar qualquer tipo de Carícias. Ter de lutar para sobreviver leva as pessoas a atos jamais imaginados por elas mesmas. Por exemplo, se neste momento alguém lhe oferecer um pão embolorado para comer, certamente você vai recusar e pensar: “Eu nunca comeria um pão embolorado”. Porém, quando ouvimos falar de pessoas que passam fome extrema, sabemos que para elas a possibilidade de comer um pão embolorado pode ser a salvação.
Como explicar jovens adolescentes que participam de orgias sexuais? Dão sexo em troca de atenção. Como explicar jovens que entram em brigas das quais saem muito machucados? Dão sua saúde em troca de se sentirem aceitos pela turma.
Quando a pessoa está abaixo do índice de sobrevivência, qualquer Carícia é bem-vinda, ainda que seja dolorosa, pois o importante é se sentir vivo.
Carícia negativa é como pão embolorado: dá energia para o indivíduo continuar seu caminho; entretanto, pode ser bastante nociva para o organismo se continuar se alimentando dela.
Quando nasce, a criança busca sempre Carícias positivas. Se as receber, estará satisfazendo suas necessidades e poderá, então, desqualificar as Carícias negativas, ocorrendo um bem-estar tanto da parte dela como dos que lhe estão dando Carícias. Contudo, se isso não ocorrer, a criança entrará em depressão.
Para diminuir essa sensação de mal-estar, ela poderá ini¬ciar uma luta para conseguir seu objetivo; mas, se a escas¬sez for grande, acabará aceitando as Carícias existentes no seu meio ambiente e desenvolverá esse padrão como o “pa¬drão seguro” de Carícias. Passará a acreditar que o que ela realmente precisa é de Carícias negativas, ou seja, que briguem com ela, que sintam ciúmes, etc.
Na escola, por exemplo, para sentir-se reconhecido, ou seja, para obter aquela Carícia negativa a que está acostumado a receber, o aluno pode se mostrar rebelde, indisciplinado e brigão. Foi assim que ele aprendeu a chamar a atenção, e é assim que ele se sente vivo.
De modo geral, essa situação é muito prejudicial ao indivíduo. Seria o mesmo que se adaptar a comer pão embo¬lorado e carne estragada como sua alimentação normal. As pessoas se esquecem de que aceitaram os estímulos negativos em momentos de extrema necessidade, e podem acabar se acostumando à situação.
Quase sempre o indivíduo guarda para o resto da vida o padrão de Carícias gerado na infância, tanto em relação aos tipos de Carícias quanto ao modo de obtê-las. Esquece-se de que, uma vez adulto, não necessita mais adaptar-se a um sistema de escassez de Carícias, mas sim optar por buscar as Carícias que realmente o alimentam e o mantém saudável.
Ou seja: se você quiser, pode sempre viver em um ambiente de abundância de Carícias positivas. Na escola, o professor pode sempre se empenhar em criar um convívio com os alunos em que prevaleçam as Carícias positivas.
Fonte: e-mail recebido da Escola Professora Florinda Cardoso - Diretoria Leste 5 - São Paulo
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